terça-feira, 16 de abril de 2013


Remédios de uso humano podem matar cães e gatosHábito relativo comum de medicar pets com remédios prescritos para humanos pode trazer consequências sérias e levar até a morte do animal

Mariana Fabrício - Diario de Pernambuco
Publicação: 16/04/2013 11:02 Atualização: 16/04/2013 11:28
Uno, um miniatura pinscher com três anos de idade, apresentou os sintomas comuns da intoxicação após ingerir 30 gotas de analgésico dadas por sua tutora, a analista administrativa, 42 anos, Simone Pereira. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Uno, um miniatura pinscher com três anos de idade, apresentou os sintomas comuns da intoxicação após ingerir 30 gotas de analgésico dadas por sua tutora, a analista administrativa, 42 anos, Simone Pereira. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Perceber o animal de estimação doente pode ser desesperador para quem não sabe como agir em um momento como este. Na ânsia de vê-lo saudável, alguns tutores resolvem medicá-los com remédio próprio para humanos. Mas o que nem todos sabem é que essa atitude agrava o estado de saúde do animal podendo até mesmo levá-lo a óbito. Conheça quais os riscos e as consequências de medicar seu pet com remédios impróprios para a espécie.

De acordo com a veterinária e professora de terapêutica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Flávia Menezes, todos os animais são sensíveis à medicação humana. E as consequências podem ser fatais. "Os cães e gatos têm o metabolismo diferenciado e por isso medicamentos próprios para humanos passam mais tempo no organismo dos animais e demoram mais para serem absorvidos", explica.

Segundo Flávia Menezes, o tempo que o remédio demora para ser reconhecido é superior a seis ou oito horas, tempo que é comum às pessoas. Neste período o organismo procura eliminar o que não reconhece. "Normalmente o vômito e a diarreia são os sintomas mais comuns da intoxicação. Mas como o remédio não é eliminado porque ainda não foi absorvido pelo organismo, causa a hemorragia, quando o vômito e as fezes do animal saem com sangue".

Uno, um miniatura pinscher com três anos de idade, apresentou os sintomas comuns da intoxicação após ingerir 30 gotas de analgésico dadas por sua tutora, a analista administrativa, 42 anos, Simone Pereira. "A veterinária tinha indicado um remédio para ele tomar caso sentisse alguma dor. Pensando que seria a mesma coisa, dei um analgésico de uso humano. Depois que ele tomou percebi que uma reação estranha à medicação, vomitando muito, ficando molinho e com diarreia". Aos primeiros sintomas que o cão apresentou, Simone resolveu levá-lo para a Clínica Veterinária Fauna, onde recebeu tratamento para desintoxicação. "Ele ficou em observação após ser medicado e depois de três dias estava bem. Hoje tenho trauma de medicá-lo. Lembro que fiquei muito assustada", conta.

Entre os remédios que são frequentemente ingeridos pelos pets estão os anti-inflamatórios, analgésicos e antidepressivos. A falta de informação e a transferência de sentimentos para o animal são os principais motivos. "Quando o animal fica mancando ou o dono percebe que ele está sentindo algum tipo de dor, por achar que eles são iguais a pessoas ou crianças, os tutores optam por medicá-los, não sabendo o quanto isso pode fazer mal. Algumas pessoas ao se sentirem ansiosas ou depressivas, acham que o animal também está, então passam a medicá-lo".

Foi o que aconteceu com a doméstica Maria José da Conceição, 55 anos, que resolveu medicar seu cão Tico, também um miniatura pinscher, com seis anos após ele ter sofrido um acidente. "Ele estava mancando, então pensei que ele estivesse com dor aí resolvi dar um anti-inflamatório", explica. Conceição o medicou com duas doses a cada 24 horas. Ao perceber que ele estava vomitando bastante e com diarreia, sem saber que os sintomas eram reação à medicação imprópria, a doméstica resolveu então dar um remédio para má digestão, foi quando o quadro de Tico piorou. "Quando percebi que ele estava pior, levei ele ao veterinário e na clínica o médico me explicou que fazia mal a ele e que eu não podia dar remédio de gente", explica. O cachorro ficou internado durante seis horas em uma clínica veterinária, mas não resistiu. 

A veterinária Flávia Menezes afirma que casos como esses são recorrentes e afirma que esse tipo de medicação deve ser evitada até mesmo com remédios naturais ou chá. “O correto é evitar qualquer tipo de medicação humana ou até mesmo compartilhar remédio de outro animal, já que a dosagem pode ser diferente para cada um deles. No entanto, em caso de intoxicação, não se deve tentar alternativa caseiras. A primeira coisa a ser feita é procurar assistência adequada”, afirma.
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