sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

TRINTÃO MAS ULTRA ATUALIZADO.

Trinta anos depois do lançamento, Mac ainda é influente

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Olhe ao seu redor. Muitos dos gadgets que você vê foram inspirados no computador Mac original.
Na época, computadores geralmente exigiam que as pessoas digitassem comandos. Quando o Mac foi lançado, exatos 30 anos atrás, as pessoas passaram a poder navegar com uma interface de usuário gráfica. As opções disponíveis eram organizadas em menus. As pessoas clicavam em ícones e arrastavam e soltavam arquivos para movê-los.
O Mac introduziu metáforas do mundo real, como uma lata de lixo para apagar arquivos. Trouxe fontes e outras ferramentas antes limitadas a gráficas profissionais. Mais importante do que isso, tornou a computação e a publicação fáceis de aprender e usar para as pessoas comuns.
A Apple provocou uma revolução na computação com o Mac. Isso motivou uma revolução no mercado editorial à medida que as pessoas começaram a criar boletins elegantes, folhetos e outras publicações a partir de seus computadores de mesa.

Mac 30 anos

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Mike Blake/Reuters
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Macintosh SE na loja B&R Computer Service, em San Diego
Esses conceitos são tão fundamentais hoje que é difícil imaginar um tempo em que eles existiam apenas em laboratórios de pesquisa –principalmente o Parc (Centro de Pesquisa de Palo Alto, da Xerox, na sigla em inglês). O cofundador da Apple, Steve Jobs, e sua equipe tiraram muito de sua inspiração do Parc, que visitaram enquanto projetavam o Mac.
O Mac teve uma "influência incrível na vida de praticamente todos no mundo, já que os computadores são hoje tão onipresentes", diz Brad Myers, professor do Instituto de Interação Homem-Computador da Universidade Carnegie Mellon. "Praticamente todos os aparelhos eletrônicos de consumo estão adotando todos os mesmos tipos de interação."
A Apple não inventou essas ferramentas, nem o Mac foi o primeiro a usá-las. A Xerox chegou a vender seu próprio computador baseado em mouse, o Star, e o Lisa, da própria Apple, foi lançado meses antes do Mac. É impossível dizer o que teria acontecido se essas máquinas não tivessem fracassado com os consumidores ou se outros teriam aparecido se o Mac não tivesse existido.
Mas o Mac prevaleceu e, assim, influenciou gerações de aparelhos que se seguiram.
O Mac deve muito de seu sucesso à maneira como os engenheiros da Apple adaptaram esses conceitos pioneiros. A Xerox, por exemplo, usou um mouse de três botões em seu computador protótipo Alto. A Apple optou por apenas um, permitindo que as pessoas mantivessem seus olhos na tela sem se preocupar com qual botão apertar.
Apesar de o Lisa ter sido o primeiro computador a trazer essas melhorias, ele custava cerca de US$ 10 mil. O Mac tinha o "baixo" preço de US$ 2.495 quando foi lançado, em 24 de janeiro de 1984.
A Apple apostou na uniformidade, de forma que copiar e colar texto e apagar arquivos funcionassem da mesma forma de uma aplicação para outra. Isso reduziu o tempo necessário para aprender a usar um novo programa.
E a Apple investiu pesado em design. Os primeiros Macs mostravam uma cara feliz quando eram iniciados. Ícones e janelas tinham cantos arredondados. Esses detalhes faziam os computadores parecerem mais amigáveis e fáceis de usar –pelo menos inconscientemente– para o usuário, diz Myers.
Uma das primeiras aplicações possibilitadas pela interface do Mac foi a editoração eletrônica.
Os primeiros computadores geravam texto como uma máquina de escrever –caractere por caractere, uma linha de cada vez. Os usuários tinham um número limitado de caracteres, sem variação na aparência. O Mac foi um dos primeiros a tratar telas como uma TV: o texto era incorporado em um gráfico que o computador projetava na tela, pixel por pixel.
Com essas ferramentas, os editores podiam alterar fontes, ajustar tamanhos de tipo de letra e adicionar atributos como itálico. Eles também podiam misturar as imagens com o texto. Os primeiros Macs popularizaram o WYSIWYG ("o que você vê é o que você obtém", na sigla em inglês): a formatação na tela refletia em grande parte como a página ficaria na impressão. Em vez de ir a uma gráfica profissional, qualquer um podia simplesmente desenhar e imprimir boletins em um Mac.
VENDAS MORNAS
É claro que o sucesso do Mac nunca foi garantido.
Inicialmente, muitas pessoas "pensavam que era uma perda de tempo e uma frescura", diz Dag Spicer, curador sênior do Museu da História do Computador, no Vale do Silício (Califórnia).
Ele diz que os usuários experientes de computadores já sabiam como executar tarefas "de forma muito eficiente, com apenas duas ou três teclas. Poderia ter sido mais eficiente para eles do que usar um mouse. "
O Mac não rodava programas feitos para o Apple II, por isso havia poucas coisas a fazer com ele antes de a Aldus –hoje parte da Adobe– lançar o software de publicação PageMaker, em 1985. O Mac original tinha pouca memória e uma tela pequena, além de não dispor de um disco rígido. Embora seu processador fosse rápido para a época, muito desse poder ia para a interface gráfica em vez de tarefas comuns de pesquisa e comércio.
Com o Mac veio "a aurora da noção de que podíamos desperdiçar poder de computação para facilitar a vida das pessoas", diz Jim Morris, que trabalhou na Xerox antes de ingressar na Universidade Carnegie Mellon na época em que o Mac saiu. "O Macintosh não era uma máquina de negócios."
Tim Bajarin, analista da Creative Strategies, que acompanha a Apple há mais de três décadas, diz que ficou confuso, ainda que intrigado, quando viu o Mac pela primeira vez, em uma reunião de acionistas em 1984.
"Era uma verdadeira revolução da computação como a conhecíamos", diz. "Nenhum de nós tinha ideia de qual seria o potencial dele."
Na verdade, apesar de sua interface radical, as vendas do Mac foram mornas. Durante anos, ele foi basicamente um produto de nicho para editores, educadores e artistas gráficos. Usuários corporativos optavam pelos computadores da IBM e seus vários clones, especialmente porque o sistema operacional da Microsoft, o Windows, passara a ficar parecido com o software do Mac. (Foram anos de processos judiciais, encerrados por um acordo.)
Hoje a empresa mais valiosa do mundo, a Apple quase faliu na década de 1990 quando sua participação de mercado diminuiu. Depois de um exílio de 12 anos, Jobs retornou à Apple em 1997 para resgatar e dirigir a empresa. Um ano depois, ele introduziu o iMac, um computador de mesa com formas e cores que se diferenciavam das caixas beges com Windows da época.
Depois vieram o tocador de música iPod, em 2001, o celular iPhone, em 2007, e o tablet iPad, em 2010. Eles não eram Macs, mas compartilhavam seu dom para a facilidade de uso. Elementos como tocar nos ícones para abrir aplicativos têm raízes no Mac. A popularidade desses dispositivos levou muitos usuários do Windows a comprar Macs.
Nos últimos anos, as vendas de PCs caíram à medida que os consumidores passaram a se voltar aos dispositivos móveis. A Apple vendeu 16 milhões de Macs no ano fiscal que terminou em 28 de setembro, uma queda de 10% em relação ao ano anterior. Por outro lado, as vendas de iPhones cresceram em 20%, para 150 milhões, e as de iPads, em 22%, para 71 milhões.
Hoje, o Mac começa a se inspirar no iPhone e no iPad. Vários aplicativos para Mac foram refinados para funcionar como as versões para celular e tablet. Macs agora têm notificações e outras características que surgiram em dispositivos móveis. Computadores com Windows, por sua vez, agora enfatizam as interfaces de toque dos tablets.
No entanto, se não fosse o Mac, talvez nunca tivesse surgido o iPhone ou o iPad, e os telefones provavelmente fariam pouco mais do que enviar e receber ligações e e-mails.
ANICK JESDANUN, vice-editor de tecnologia da Associated Press, usa Macs desde 1987. 

LEIA MAIS NO JORNAL "A FOLHA DE SÃO PAULO".

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