terça-feira, 28 de outubro de 2014

ARY FONTOURA (ATOR DA GLOBO)




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Mea culpa! Ao saber do apertado resultado da eleição e ouvir o discurso da Presidente, cercada do seu “staff passado, presente e futuro”, achei que o cenário preparado para esta explanação estava mal ajeitado. A claque, muito agitada e histérica, impedindo que os acordes finais da voz de Dilma pudessem ser ouvidos, aplaudindo freneticamente o Lula que lá estava feito papagaio de pirata, lambendo a cria e sonhando com a transposição do São Francisco, e viajando no Trem Bala que a comadre Dilma, depois que esteve na Disney, inventou. E lá estava ele, sem saber pra onde ia, o que fazia e o que sabia.
Dilma devia ter limpado o espaço e ficado sozinha no apelo que fez a outra metade da população que nela não votou, prometendo coibir a corrupção; prometendo fazer mudanças que a sociedade clama, para reformar a política. Enfim, tudo que já prometeu e não fez! Devia dizer que agora sua governança não estava mais designada ao partido, apenas para manter o Lula sempre presente, mas, sim, para governar como nunca fez!
Eu deveria ficar profundamente triste com a vitória da Dilma e a derrota do Aécio, meu candidato. Eu que nesta página apregoei mudanças, que achava que deveriam ser feitas. Fui vítima como a maioria dos brasileiros que pagam impostos. Fui vítima do prestigio involuntário que dei ao programa eleitoreiro do Bolsa Família, pagando religiosamente os impostos a mim atribuídos, ousando lhes dizer que podem consultar minhas declarações de imposto sobre a renda e constatar que tudo o que possuo está lá declarado; que tudo o que tenho é descontado de mim além da minha própria renda. E lhes faço uma pergunta: Será que o Presidente Lula, e muitos outros políticos, e muitos outros eleitores, podem fazer o mesmo? Vivemos no País do jeitinho, do levar vantagem em tudo. Mas eu posso! Tudo o que ganhei e ganho está lá declarado como fruto do meu trabalho. Pago quatro meses de impostos por ano pro Governo se apossar e fazer assistencialismo às minhas custas. Sou contra a perenização do Bolsa Família. Deveria ser emergencial, jamais permanente. Ele mata a fome e escraviza! Usa a ignorância do povo e o prende numa armadilha desonesta.
Por isso, nem eu nem os que pagam impostos neste país temos o direito de chorar a derrota do Aécio. Temos que chorar pela nossa inoperância, pelo descuido de sermos honestos; de patrocinar esta fissura petista de manter o poder por vinte ou mais anos; da manutenção deste mar de lama que dia a dia cresce mais; de manter os ignorantes como boi a caminho do corte.
Hoje não é um dia de luto, é um dia de reflexão. Até que ponto vale a pena ser honesto? Até que ponto vale a pena ser brasileiro, ter esperanças?
E, para finalizar, como nas novelas, nossas velhas companheiras, quero lhes dizer que emoções mais fortes ainda estão por acontecer no capítulo de amanhã. Uma delas será quando o povo, personagem principal do folhetim, descobrir que vive a jornada de um imbecil, até o entendimento.
 — com Alex CristovaoJoseph Meyer.

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